segunda-feira, 3 de dezembro de 2007

Carta aos transeuntes

*bruno bandido

Introdução:


Há dias me pergunto se devo escrever sobre esses restos tapados, como uma carta que escrevi pra comer uma guria platina, há poucas semanas atrás. Então eu revejo as condições e alimento um pouco do desejo e dos engordes artísticos que sobraram da cidade aqui citada. É que a arte só é arte se não raciocinada - deus é arte, já diria eu. E pros que conversam despercebidos e reclamam suas estapafúrdias, ofereço um pouco do meu suor nonsense pra dar calote nos engravatados (que até sem gravatas andam ultimamente). É que Gregório Guerra e sua boca do inferno já se tornaram canções de ninar porque nada mais me choca. Observei despercebido a euforia com que brindavam canções próprias, bati palmas e disse: “tem o certo e tem o meio errado”, sendo que, analisando sociologicamente, tudo é uma bobagem.


Desenvolvimento:


Depois das figuras clássicas da excentricidade musical jaguarense, como Fernando Scarano, Bruno Goularte e – pois não – o grunge Gibran, um buraco com fundo falso se forma sem dores no próprio umbigo.

O rock’n roll embalado da Divergência torna o ouvinte em estado de impossibilidade estática. Ele não consegue ficar parado, seja com raiva ou felicidade, há de se concluir que se tratando do som ao qual Elvis (e o diabo?) é o rei, eles são os melhores. Também há de se convir que mais camaleônicos que Bruno Goularte e Felipe Rosales não existem. Tomamos em conta as três edições do Jaguararte. Eles são o que há de mais moderno, sem se importar se é ruim, ou não. Quando Rimbaud inventou o modernismo, “hoje em dia, é cada vez mais preciso ser moderno”, e quando ele largou a literatura em plena adolescência para traficar armas na África, construiu o maior exemplo de exílio marqueteiro artístico. Marketing tal que refletiu na postura pop de Andy Warhol em parar de pintar, apenas ser e produzir não-matéria. Aonde quero chegar é no fator simples, nos mais lindos versos já escritos pelos meus companheiros de blog nesse aborto virtual. Na simples frase: vão tomar no cu.


Conclusão (carta que me fez comer a garota platina):


toda tipo argentina. cabelo preto meio ensebado, all star verde com cadarço vermelho, a tua e a boca dos stones. toda tipo argentina, muchacha! evita perón moderna desleixada (de férias em porto alegre) tomando mate na redenção. toda tipo argentina, nena! bomba na boca, olho de gato, bobagem na língua, cada enlace pose pra retrato. toda tipo argentina, te quiero! as frases de fito paez ilustram os seios pequenos, argolas na orelha de calamaro, te faço um poema:


orangotangos
dançam tangos
sem conhecer gardel

*bruno bandido é cartunista e já foi agredido por um tabuleiro de xadrez